Aparentemente o problema é o de sempre: ao invés de pagar a entrada, as pessoas preferem economizar R$ 5,00 e ficar do lado de fora curtindo a música; ao invés de consumir dentro da casa, as pessoas preferem economizar R$ 0,25 ou menos e beber fora do estabelecimento. Nada contra o quem prefere economizar o fruto do seu suor, mas que se faça de maneira responsável. O que mais me entristece é que esses que mendigam pela entrada serão os mesmos que depois reclamarão que um dos melhores e mais descolados cantos de Fortaleza fechou. E se lamentarão, dirão que realmente era barato e se exonerarão da culpa que lhes é cabida. Uma pena, mas essa é a mentalidade de nossa amada cidade: provinciana. Reclamam que Fortaleza não é São Paulo mas se comportam como se estivessem indo a uma quermesse numa província de Juazeiro do Norte.
Não me entendam mal, eu amo nossa cidade. E como todo amor, ele é um pouco cego aos seus defeitos. Sei quais eles são, tenho pleno conhecimento deles, mas prefiro fingir não vê-los. O que não me impede de lamentar por eles. Até mesmo porque, depois que o nosso inferninho tiver fechado, o que restará em Fortaleza para preencher vácuo que ele criará? Amicis? Duvido: a despeito da interseção significativa dos dois públicos, as propostas das casas são bem diferentes. A Órbita, com suas pretensões de grande casa descolada e proposta de que fila grande é sinal prestígio da casa? Não, muito obrigado, prefiro sinceramente ir para o Mucuripe, pagar 25 reais só para sorrir mas saber que estou pagando por uma estrutura até mesmo barata para 25 reais, e não por um serviço de terceira categoria numa casa de segunda. Só sobra, a meu ver, o Fafi.
Aliás, aquela rua toda da Fafi tem um potencial não explorado enorme, mas não acho que alguém mais veja isso. Mesmo quem vê deve duvidar da viabilidade de tentar algo do gênero fora do circuito Dragão do Mar -- até porque conseguir montar um modelo de negócio rentável no ramo de entretenimento no circuito alternativo em Fortaleza é algo que beira o impossível, que o diga o Noise.
Infelizmente é muito cômodo para mim falar disso em estando em BH. Mas quando estiver em julho em Fortaleza farei minha parte para aproveitar responsavelmente os últimos suspiros do Noise. Até lá, em sinal de protesto, que se faça barulho.
Tiago Macambira - 4/20/2007 01:07:00 PM -